Estava
lendo as crônicas de Martha Medeiros outro dia e, caramba, nada como as
crônicas da Martha Medeiros para me colocar para cima, para me inspirar. Martha
é uma pessoa habitada, definição que arranquei, adivinha, de outra crônica
dela, e que definitivamente mudou minha visão sobre as pessoas.
Martha
Medeiros, é, digamos assim, onde eu quero chegar em meu profundo e interrogativo
objetivo de vida. Martha tem um poder legítimo de pessoa habitada. De extrair
das coisas mais banais possíveis um sentido totalmente imprevisível para algo,
e depois descrever por meio de suas dançantes palavras a conclusão vinda
sabe-se-lá como, e que, de sua maneira mais natural, atinge pessoas como eu,
que estão o tempo todo buscando sentidos.
Ser
avoada e confusa se torna legal depois de ler Martha Medeiros. Porque me faz
perceber que talvez isso não seja ruim. Talvez isso seja uma bela arma para se
descobrir as coisas e para viver criando sentidos próprios que nos fazem sentir
bem.
Não é o
máximo ter alguém em quem nos inspirar? Alguém, ou algo, sei lá. Não acho que
isso queira dizer que estamos copiando, ou algo assim. Acho que estamos
colhendo exemplos do que há de bom para nos construirmos. Como o roqueiro que
tem nos Beatles a descrição viva do que ele pretende ser. Como o pintor que
sonha em se aproximar, mesmo que infimamente, das curvas surrealistas de Dalí.
Como o filho que vê no pai o retrato do que ele será no futuro. Como o leitor
de quadrinhos que tem no super-homem o exemplo de vida. Como o fiel cristão que defende Jesus antes
de si mesmo, tamanha devoção.
Somos
únicos. Sete bilhões de cabeças-duras singulares que mesmo sabendo o que é
certo e o que é errado, ainda assim cometemos nossos próprios erros, à nossa
maneira. Mas crescemos com vivência, com a experiência. Com o que aprendemos na
aula, com o que lemos num livro, com o que entendemos depois de sofrer as
consequências, com o que o tio da padaria comentou. Ao aprender com quem
admiramos. Com quem faz aquilo que gostamos de fazer, ou que por algum motivo
se tornou, sem querer, um exemplo para nós.
Tão
comum é isso que imediatamente fui remetida a diversas situações. Às
incontáveis obras artísticas, que foram “baseadas na obra de fulano de tal”. A
uma aula de rádio, no ano passado, onde o professor nos disse: “Escutem os
locutores. Percebam seus estilos e então construam o de vocês”.
Porque
não absorver o que há de bom nesse mundo e assim nos tornarmos quem queremos
ser?
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